quarta-feira, 2 de junho de 2010

 

A bomba atômica não destruiu apenas Iroshima e Nagazaki, ou mesmo o Japão, ou as vidas de uma multidão ainda anônima à maioria de nós, sua tatuagem na história é mais profunda e, talvez – sublinhemos esse talvez - indigesta.

Slavoz Ziziek disse certa vez numa palestra disponível no youtube – mas me falha à memória o link – que podemos conceber o homem pós-moderno como alguém que experiencia um estado pós-traumático.Ele usou como imagem metafórica para representar essa condição, a de uma crianca recém estuprada que permanece condenada a uma espécie de fim que se prolonga no tempo.

 

Se assumirmos essa condição, fica uma questão: como representar o nada, ou melhor, como representar o fim da representação ? Não meus amigos, um suicídio não é uma boa ideia – ao menos não é original – já o fizeram antes: tudo novo, nada novo.

Quando as palavras não mais dizem e o silêncio não mais grita, resta-nos assistir o ecoar de um fim que não conclui-se? Estaríamos vivendo em uma era apocalíptica, pós-apocalíptica, ou … sei lá, inventem um  nome ! Mas seria possível inventar um ? Será que todos os nomes já não foram criados ? Pouco importa.

A palavra, o gesto, o som, apontam para o além da palavra, do gesto, do som.À verdade oponho uma outra palavra, utopia: sinônimos.De qualquer forma, tanto faz.As palavras, os gestos, os sons, não cabem em si,apontam para o além, e sempre além …

… e, no entanto, Hamlet continua a ler: palavras, palavras, palavras, palavras …

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