terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A representação do eu na vida cotidiana


Aqui, vendedor de shopping, ali, professor, mais a frente, filho em almoço com os pais, e depois, pai de família, e mais a diante, transeunte desconhecido em meio a massa anônima. Cada qual assume, de acordo com tal ou qual situação, um determinado papel, e o faz, queira ou não, dê-se conta de tal condição ou não. É esse fenômeno social que Erwin Goffman estudou no livro que venho recomendá-los, cujo título é homônimo deste texto. É surpreendente a quantidade de papéis por nós assumidos ao longo do dia. Ação e pensamento, e pensamento-ação, em constante comunhão com o  complexo que nos refaz. Podemos assim determinar se isso ou aquilo parece um ou outro, nesta ou naquela ocasião, analisando seu vestir, falar, sentar, caminhar, enfim, seu comportamento.

Mas é importante, tanto quanto, atentar para o fato de que uma pessoa é algo que foge de qualquer definição por papel sociais. Esses apenas sugerem superficialmente o que pode allguém ser, e, em última instância,  permanecemos num perene devir: somos um constante vir a ser. A empregada doméstica é, ou ao menos pode ser, mãe, filha, esposa ou cunhada, e o mecânico, pai, patrão, padrasto, jogador de pelada  no fim de semana, líder de comunidade, e por ai vai. É  muito vasta a gama de papeis que assumimos no decorrer de um dia, quem dirá ao longo da vida. É por essas e outras que decidi escrever este textículo de divulgação:  leiam a obra de  Goffman e investiguem-se em meio às páginas deste livro, e em meio a multidão de personagens que nos rodeiam dia a dia.