sábado, 13 de fevereiro de 2010

As time goes by

(...) por mais que se faça um esforço para concebê-la como vida (...), a fotografia é como um teatro primitivo, como um quadro vivo, a figuração da face imóvel e dissimulada sob a qual vemos os mortos.

Roland Barthes.


A morte seduz a vida.A segunda pergunta à primeira: o que nos une?Aquilo que nos separa, responde a segunda.

O teatro é a manifestação artística que afirma da maneira mais insuportável - e ai reside seu mistério - a constante corrosão do aqui e agora.Juntos compartilhamos do ato apresentado.Antes de qualquer tempo ficcional estamos nós assistindo ao desmoronar da obra, vislumbrando sua irreprodutibilidade, que sugere a impossibilidade de repetição exata do presente. O que une a incerteza da vida ao mistério da morte é o deus supremo do teatro: o tempo.

Que horas são ?


4 comentários:

  1. Parece que agora consegui...
    Já escrevi outra vez e quando foi para postar desapareceu...Vamos lá a ver agora como vai...
    Escrevia sobre o português, neuro- cirurgião António Damásio.
    Fizeste o paralelismo entre Damásio e o Actor, defendendo ele a ideia do luso-holandês- Baruch Espinosa, da relação estreita ou paralelismo psico fisico do corpo e a alma. Essa teoria é a defendida por quem? Stanislavsky?
    DE qualquer forma é gostoso ver que todas as áreas vão ter ao teatro...
    Abraço
    Maria

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  2. Na verdade Maria, a busca pela unidade corpo-mente é clara - não pude resistir ao jogo de palavras - em propostas diversas defendidas por diferentes estudiosos do comportamento extra-cotidiano.

    Stanislávski chamou tal extracotidianeidade manifesta na ação cênica de segunda natureza, estabelecendo uma evidente oposição à natureza cotidiana aprendida através do processo de endoculturação.Outros manifestaram ideias comuns.Podemos citar a supermarionete craiguiana, ou no conceito de "sinceridade reconquistada" cunhado por Jacques Copeau.

    Grotowski resgata muito do que Constantin propora e refere-se a unidade corpo-mente com o designação "corpo-vida", termo cunhado pelo mestre polonês em conferência realizada em 1969.

    Além de Stanislávski - cuja contestação da dualidade de substância cartesiana reside na lógica do método das ações físicas - e de Grotowski, o discípulo declarado do segundo, Eugenio Barba, fala em um "segundo sistema nervoso", ou ainda em uma "segunda-colonização" como condição desenvolvida através do treinamento - podemos chamá-lo, fazendo referência a Stanislávski, de "trabalho do ator sobre si mesmo - que quebra com a separação entre corpo e mente ainda presente na visão senso-comunal.

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  3. Caso se interesse pelos nomes supra citados, indico algumas leituras:

    BARBA,Eugenio & SAVARESE,Nicola.A arte secreta do ator:dicionário de antropologia teatral.Campinas:UNICAMP/HUCITEC,1995.

    BARBA,Eugenio.A canoa de papel:tratado de antropologia teatral.Campinas:HUCITEC,1994.

    BARBA,Eugenio.Além das ilhas flutuantes.Campinas:HUCITEC,1994

    BURNIER,Luis Otávio.A arte de ator:da técnica à representação.Campinas:UNICAMP/HUCITEC,2000

    CRAIG,Edward Gordon.Del arte del teatro.

    GROTOWSKI,Jerzy.Em busca de um teatro pobre.Rio de Janeiro:Civilização brasileira,1976.Trad.Aldomar Conrado.

    RICHARDS,Thomas.At work with Grotowski on physical actions.USA:Routledge,1995

    STANISLAVSKI,Constantin.El trabajo del actor sobre si mismo.Buenos Aires:Quetzal,1983.

    TOPORKOV,V.Stanislavski Dirige.Buenos Aires:Quetzal,1983.

    WOLFORD,Lisa & SCHECHNER,Richard.Grotowski sourcebook.USA:Routledge,1999.

    *Não sei se você encontrará traduções para o português das obras indicadas.Sei de uma tradução de Em busca de um teatro pobre para o português de Portugal.Talvez eu tenha me enganado em alguma referência, mas espero ter ajudado de alguma forma.

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