Em seu livro (A identidade cultural na pós-modernidade), o culturalista jamaicano radicado nos EUA Stuar Hall distingue três concepções de sujeito, a saber: o sujeito do iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno.
Sinteticamente podemos afirmar que o identidade iluminista e a sociológica caracterizavam-se, respectivamente, pela unidade indivisível e imutável e pela ideia de que oconstrução através da interação social.O iluminismo concebeu a pessoa humana como
(...) um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado de capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo "centro" consistia num núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo - contínuo ou "idêntico" a ele - ao longo da existência do indivíduo (HALL,1997,p.11)
É notória a correspondência - inevitável - entre o positivismo e a ideia de sujeito que faz-se paradigmática do período.O pensamento iluminista é caracterizado pela busca da compreensão racional da natureza através da ciência, e esta busca manifesta-se na ideia de sujeito enquanto essência imutável – e fica, nesse sentido, um convite a leitura da filosofia rousseniana e cartesiana a fim de estrapolar os limites deste post.
O sujeito sociológico – que remonta ao modernismo - por sua vez, é compreendido como construção social, ele é articulado pela sociedade que o contém.Em defesa dessa ideia de identidade são exemplares os trabalhos de G.H.Mead e C.H.Cooley.
Pois bem.Feito estre breve incurso pelas concepções iluminsta e sociológica de sujeito, passemos para uma breve análise da ideia de sujeito pós-moderno como desenhada por Hall para que possamos analogizar tal proposta a questão da personagem no teatro contemporâneo.
Hall define a identidade na pós-modernidade como uma “celebração móvel”, ela é
(...) formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos diversos sistemas que nos rodeiam (...).A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia (idem, p.13-14).
O descrédito concedido às grandes narrativas que corresponde à “condição pós-moderna” (Lyotard) é aqui afirmado sob a ideia de que o sujeito não pode ser compreendido enquanto unidade estanque – o que constitui ruptura com o paradigma iluminista acima apontado.A complexa rede sígnica que constitui um texto cultural cada vez mais atravessado por influências globais que nos atingem através dos meios de comunicação em massa sufoca a ideia de identidade cultural como algo determinado geografica ou biologicamente.
Bibliografia:
HALL,Stuart.A identidade cultural na pós-modernidade.Rio de Janeiro:DP&A,1997.Trad.Tomaz Tadeu da Silva, Guarareira Lopes Louro.
ORTIZ,Renato.Modernidade-mundo e identidades.in ORTIZ,Renato.Um outro território:ensaio sobre a mundialização.São Paulo:Olho d’água,s/d.
ROUBINE,Jean-Jacques.A linguagem da encenação teatral.Rio de Janeiro:Jorge Zahar,1998.2ª edição.Trad.Yan Michalski.
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