terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Entrevistado por Gerrah Tenfuss

Segue a entrevista que concedi ao performer riopretense Gerrah Tenfuss.Vale a pena conferir seu blog disposto na seção links do presente site.


Em uma agradável e confusa conversa pude interrogar o multi-artista Jeferson Torres quanto a seus enigmas, mistérios, opiniões e trabalho. Segue abaixo o resumo dessa aprazível e abilolada discussão.

GT: Jeferson Torres quais são suas pesquisas atuais ?

JT: Na verdade eu sei que isso pode parecer um tanto confuso, pesquiso a vida, esse mundo que me rodeia, que é chamado de texto cultural, cotidiano, dia a dia procuro estar sempre de anteninhas ligadas, observando pessoas, me observando gestos, palavras, entonações e trazendo tudo isso pro meu trabalho como ator, que se misturaao tempo-vida. Sem querer,todo esse material que eu aprendo, apreendo, do mundo que cerca acaba alimentando minha criação artística. Que não deixa de ser uma criação em vida.Sei que a resposta pode parecer vaga por ser abrangente, mas continuo seguindo por ai. E a teoria: pegadas daqueles que passaram por aqui, e que construiram seu caminho. A ação possui algo de inapreensível, único, não se repete. Mas a palavra fica.Ainda que ela seja, em última instância, letra, linha, rabisco, é o que temos para "conversar" com essas pessoas de ontem e descobrir-nos em meio a suas inquietações.

GT: Como analisa o curso de Artes Cênicas da UEL e a didática adotada pelo corpo docente?

JT: Curso: caminho. Nesse caminho os professores têm exercido o papel de instigadores, provocadores, questionadores. É muito comum eu acabar saindo de uma aula com uma inquietação na cabeça, uma questão. Eu tenho os professores como isso, como questionadores, estimulantes. Que estão presentes nesse caminho. Mas, quanto as respostas, acho que elas são muito pessoais. Quer dizer, podemos imprimir informações a respeito da história do teatro, sobre as teorias dos questionadores do passado, mas conhecimento, conhecimento é pessoal, intransferível.Os professores são essas pessoas com as quais eu troco. O que vale é a troca, e tem sido uma experiência muito enriquecedora a troca com os professores do curso. E com todas as pessoas que acabam cruzando o caminho.

GT: Sempre cruzam com o você?

JT: Talvez a narrativa de uma experiência pessoal possa servir pra elucidar a ideia.Outro dia eu estava caminhando no calçadão de Londrina e percebi que havia um rapaz que caminhava mancando. Ele era baixo, corcunda, uma figura que me transmitiu extrema fragilidade.No entanto, a palavra "segurança", escrita em maiúsculas letras garrafais no uniforme preto que vestia, constituia conflito com a frágil imagem. E ele seguia invisível. Foi por uns poucos segundos que percebi sua presença, me chamou a atenção. Aí, de repente, sem querer, eu posso acabar retomando a imagem daquele rapaz que caminhava no calçadão, posso usá-la como ferramenta. A leitura do texto cultural, dessa teia de signos que chamamos de cultura precede a leitura da palavra, como propõe Paulo Freire - não exatamente com essas palavras.

GT: Para finalizar, como anda o coraçãozinho?

JT: (risos) Tum Tum Tum...

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