“Tal é a massa, um conjunto no vácuo de partículas individuais, de resíduos do social e de impulsos indiretos: opaca nebulosa cuja densidade crescente absorve todas as energias e os feixes luminosos circundantes, para finalmente desabar sob seu próprio peso”
“Exatamente o inverso, portanto, de uma acepção “sociológica”. A sociologia só pode descrever a expansão do social e suas peripécias. Ela vive apenas da hipótese positiva e definitiva do social. A assimilação, a implosão do social lhe escapam. A hipótese da morte do social é também a da sua própria morte”.
“A massa é sem atributo, sem predicado, sem qualidade, sem referência. Aí está sua definição, ou sua indefinição radical”.
“Massa sem palavra que existe para todos os porta-vozes sem história. Admirável conjunção dos que nada têm a dizer e das massas que não falam. Nada que contém todos os discursos. Nada de histeria nem de fascismo potencial, mas simulação por precipitação de todos os referenciais”.
“Caixa preta de todos os referenciais, de todos os sentidos que não admitiu, da história impossível, dos sistemas de representação inencontráveis, a massa é o que resta quando se esqueceu tudo do social” (grifo meu).
“As massas são o “espelho do social”? Não, elas não refletem o social, nem se refletem no social - é o espelho do social que nelas se despedaça”.
Citações extraídas de BAUDRILLARD,Jean.À sombra das maiorias silenciosas: o fim do social e o surgimento das massas.São Paulo:Brasiliense,1985.Trad.Suely Bastos.
Decidi postar estas frases com o objetivo de semear a reflexão.A perspectiva baudrillardiana não me parece muito otimista – ou seria uma visão, antes, realista ? Ocorre-me uma questão: é grande o número de pessoas que se interessem pelo tipo de leitura que aqui sugiro ?
*O vídeo bem serve como uma pequena introdução ao pensamento baudrillardiano.A princípio eu tinha titulado o presente post como "Baudrillard: a morte do social? ".A alteração para a palavra fim dá-se em nome de uma relação mais precisa com o título do livro citado, o que, acredito, consoa melhor com a ideia do autor.Baudrillard não declara o fim do "social", antes, sugere que este nunca existiu de fato: não passa de uma fantasia da política e da sociologia, que empenham-se na tentativa de encontrar uma definição para o que, na Baudrillard é indefinível e indiferente às tentativas de conceituação.A massa não é nem sujeito nem objeto, foge a qualquer significado.
É importante frisar: coloco-me, no parágrafo acima, como um intérprete não-acadêmico da obra, já que minha formação acadêmica - ainda em andamento - remonta à àrea das artes.Não obstante, não considero isso um entrave e espero que você, acadêmico ou não, também se interesse pela bibliografia aqui sugerida.
O que estás a ler meu caro Hamlet ?
Palavras, palavras, palavras, palavras …
Palavras, palavras, palavras, palavras …
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