A história gira em torno de Simon, garoto libanense que desde a morte dos pais vive com seu tio. É ficcional a estória inventada por Simon, de que seu pai teria sido um terrorista e planejado a morte de sua mãe quando ainda grávida, mas a redação surpreende a professora de francês de Simon, que lhe sugere apresentar o texto como declaração de fato verídico. Não é preciso dizer que a ideia acaba por trazer sérias implicações a todos os personagens da trama.
É esse jogo de faz de conta o principal fio condutor da rede de conflitos que a partir de então afetam a todos os próximos de Simon, revelando os múltiplos disfarces da intolerância religiosa. O encontro entre os personagens dá-se de forma inteligentemente construída pelo Egoyan. A película não peca quando o assunto é religião: nota que não é esta o problema, mas o fundamentalismo religioso, e a religião enquanto objeto de projeção do ódio cego contra o outro. O filme aborda o tema com coragem e sugere que pode receber o nome de um deus qualquer, ela, a intolerância, inominável e perene, forja-se em meio a qualquer desculpa, seja ela religiosa ou não.
O filme, que recebeu o prêmio do júri no Festival de Cannes, não chama a atenção pelo trabalho dos atores - ainda que estes não decepcionem - mas sim, sobretudo, pelo roteiro e conteúdo moral. No mínimo fomenta a reflexão sobre divergências ideológicas e suas complexidades. Uma boa pedida àqueles que desejam debruçar sobre o tema.
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