sexta-feira, 9 de julho de 2010

…eterno retorno ….

 

Teatro pobre: Termo forjado por Grotowski para qualificar seu estilo de encenação baseado numa extrema economia de recursos cênicos (cenários, acessórios, figurinos) e preenchendo esse espaço por uma grande intensidade de atuação e um aprofundamento da relação ator/espectador (…).Essa tendência à pobreza é muito marcada na encenação contemporânea [Peter Brook e o Living Theatre, por exemplo] por razões mais estéticas que econômicas.      (Dicionário de teatro de Patrice Pavis).

Pela eliminação gradual de tudo que se mostrou supérfluo, percebemos que o teatro pode existir sem maquilagem, sem figurino especial e sem cenografia, sem um espaço isolado para a representação (palco), sem efeitos sonoros e luminosos, etc.Só não pode existir sem o relacionamento ator-espectador, de comunhão perceptiva, direta, viva (GROTOWSKI,1976,p.5).

 

 

 

Pesquisando os mais diversos princípios e correntes do realismo, do naturalismo, do futurismo,da estatuária, da arquitetura, da estilização por meio de cortinas, paraventos, telas transparentes e efeitos de luz, chego à conclusão de que nenhum desses meios fornece ao ator o fundo que sua arte reclama (...)Quem manda no palco é o ator (STANISLAVSKI,Minha vida na arte).

 

E, enquanto não é mais professado entre os classicistas que os primeiros teatros eram de fato picadeiros onde os trabalhadores dançavam quando a colheita tinha acabado, foi justamente esta esquecida característica que atraiu Copeau tanto para o palco grego quanto para a arena circence; nestes similares espaços abertos a imaginação está apta a surpreender-se livremente, e a decoração não é a questão principal.Nestes espaços tudo se torna responsabilidade do ator (…)As mais citadas palavras de Copeau são ‘qu’on nous laisse un théteau nu! (De-nos um palco nu!)Ele criou a primeira casa de apresentações do mundo moderno lançando um olhar para o passado (Thomas Leabhart, Modern and Post-Modern Mime).

Bibliografia:

GROTOWSKI,Jerzy.Em busca de um teatro pobre.Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1976.Trad.Aldomar Conrado.

LEABHART,Thomas.Modern and Post-modern Mime.London:Macmillan Press,1989.Tradução nossa.

RAEDERS,Georges.O cinquentenário da fundação do Vieux Colombier.Porto Alegre:Editora da Universidade do Rio Grande do Sul, 1965.

STANISLÁVSKI,Constantin.Minha vida na arte.São Paulo:Anhembi ltda,1956.Trad.Esther Mesquita.

PAVIS,Patrice.Dicionário de teatro.São Paulo:Perspectiva,2007.3ª edição.Trad.Jacó Guinsburg e Maria Lúcia Pereira.

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