sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tudo novo, nada novo

Para muito além da “obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, encontramo-nos em face de uma cada vez maior inserção de vídeos, internet e outros brinquedinhos muito interessantes nos discursos cênicos contemporâneos.
Tudo novo, nada novo.A tecnologia como propiciadora da concretização do texto espetacular é coisa que reside na sua própria lógica: vivemos tecnologia, tecnologia esta que possibilita, por exemplo, a você, leitor, passear seus olhos pela tela que agora está na sua frente.
O conceito de tecnologia não pode reduzir-se ao computador, ou a máquina calculadora, nem mesmo a internet ou a bomba atômica.A tecnologia é, mais que isso, efeito da tendência humana a preguiça.Ai que preguiça ! – exclamou Macunaíma, e fazemos o mesmo, “on and on”.Graças a ela, mãe eterna do desenvolvimento tecnológico, não preciso me levantar para ligar a tv, nem viajar para conversar com meu amigo do Japão - nem assistir ao genocídio que neste momento acontece a milhas e milhas distante - (…)  mas, graças a ela, também, puderam os gregos, lá atrás, amplificarem suas vozes através do fascinante sistema compreendido em suas máscaras.

Ferris Bullers tira um dia de férias e sai com uns amigos por ai.Seu amigo Cameron, de repente, grita, e em meio ao seu grito, assistimos a uma sequência de imagens da Califórnia dos anos 80…
Tudo novo, nada novo.Bill Viola, video-artista americano, já tinha, em 1983 – três anos antes do lançamento do filme dirigido por John Hugges – produzido Anthem, um grito que impõe-se ao gigante megalopólico ?



Percebem ? Se a resposta a pergunta ora proposta for afirmativa, fica outra questão: teria Hugges se baseado em Viola pra compor seu discurso cinematográfico compreendido no tempo-imagem por ele composto ? Ai meu Deus… que dúvida !!
Ora meu caro pensante: tudo novo, nada novo… Alguém ai já viu algo semelhante ? Sugerem outros exemplos ?Talvez esteja  mais do que na hora de assumir: não existe criação senão enquanto re-criação.Gerundiamo-nos meus caros.Tudo novo, nada novo, ou, poderia até dizer: tão novo quanto velho.

Mas como fluxo motor de nossas criações, sejam elas artísticas ou não – e afinal de contas, o que é arte mesmo ? – existe aquilo de indizível, perpétuo motor da vida: o tesão.Ele, em suas mais diversas formas de manifestação – não o reduzamos ao sexo simplesmente -  encontra meio de materialização em arte… Mas o que é arte mesmo ?
Tudo bem… Tanto escrever, e, no fim, o que resta ? O que você está lendo meu caro Hamlet ?: palavras, palavras, palavras, palavras …
… passim, nunca enfim: tudo novo, nada novo: eterno retorno.

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