Aos meus amigos ateus ativistas, aos que clamam pela retirada da frase "Deus seja louvado" das notas de real, e dos sinais religiosos das repartições públicas, e da proibição de orações nas escolas. A todos vocês, esta breve mensagem, e uma breve nota minha, que se segue ao vídeo:
É comum à humanidade o sentimento moral. Chocar-se com a tragédia ocorrida nos EUA é, pois, uma reação que esperamos de qualquer pessoa, seja ela teísta ou ateia, frequente ela uma igreja ou não. Mas quando em nome de uma filosofia política tomada como messiânica e professada pelos educadores se torna a razão de ser da moral, esta, ao sujeitar-se aos ideólogos do partido, faz destes os instituidores de uma moral forjada pelo homem e que, apesar disso, passa a imperar sobre esses mesmos homens. É assim que, quando em 1933 Hitler assumiu o poder na Alemanha - e pelo voto popular, é importante lembrar - o espírito nazista já pairava pelo país e tomava conta de corações e mentes esperançosas. Esperavam eles pelo mundo novo, onde enfim a raça ariana poderia celebrar seu poder, prometido pelo próprio Deus aos homem: Hitler funda assim mais que um partido, funda uma espécie de igreja, onde ele é o papa, e os seus fieis seguidores, cardeais, bispos e padres. Constituída a fé antropoteísta - o homem enquanto razão, princípio, meio e fim da religião política por ele mesmo fundada - mesmo evocando frases bíblicas pelo mero intuito de justificar sua barbárie - ela se torna incoerente em si, posto que o que ilumina a leitura dessas frases não é mais o verdadeiro espírito religioso, em respeito à transcendência, e sim o espírito materialista que requer ao ser humano a autoridade sobre si enquanto criador de si mesmo.
É pois preciso voltar aos discursos iluministas e com eles dialogar à partir dos resultados colhidos pela história. A ética kantiana, que serviu e ainda serve de estímulo àqueles que preferem justificar o direito sem referência ao Ser, deveria ser revista com base em seus frutos. É preciso sim reconhecer que o ser humano tem em si guardada uma luz, sua consciência moral, e que seguindo esta, poderíamos, ao menos à princípio, agir segundo uma lei que crêssemos dever ser seguida universalmente, como um imperativo categórico, e sem para tal abrigar-se na transcendência para justificar os atos tomados segundo esse princípio. Mas quando o homem se torna o princípio, o meio, e o fim de todas as coisas e em nome de sua automia insubordinada ao Ser, funda políticas messiânicas, o faz em parte para suprir o vazio metafísico que persevera em sua alma, e em parte em nome de sua comum tendência à negação dessa mesma transcendência contra a qual se revolta.
Mas esse ímpeto à transgressão que justifica a revolta e ganha corpo nas filosofias anti-metafísicas, revela sua insustentabilidade quando assistimos, por exemplo, mais de 6 milhões de judeus serem mortos pelo regime nazista, ou mais de 100 milhões de pessoas serem mortas em nome da utopia comunista. Não obstante, essa mesma insustentabilidade nega-se à si mesma quando, à posteriori, tentamos louvar os genocidas como herois, já que, ao menos "lutaram por um mundo melhor".
Reconheçamos: qualquer um, ateu ou teísta, pode ouvir a voz de uma verdade que se insinua no fundo de sua consciência, e que faz notar que tal atitude vai contra uma lei moral inscrita sem palavras. Mas em última instância, quando nos percebemos acorrentados pela armadilha que a humanidade construi para si mesma, devemos assumir que, em última instância, nos condenados à nossa própria miséria, a miséria humanista secular, que não quer como verdade nada que não seja, no entanto, relativo, e por isso mesmo contestável. Se, pois, não existe um Ser transcendente para ser o objeto ao qual toda a relatividade se volta, então estamos mesmo condenados à mera miséria humana, relativos a nós mesmos e, por fim, sujeitos ao próximo messias político do mundo novo que fundar seu partido ou ideologia salvadora.
É pois preciso voltar aos discursos iluministas e com eles dialogar à partir dos resultados colhidos pela história. A ética kantiana, que serviu e ainda serve de estímulo àqueles que preferem justificar o direito sem referência ao Ser, deveria ser revista com base em seus frutos. É preciso sim reconhecer que o ser humano tem em si guardada uma luz, sua consciência moral, e que seguindo esta, poderíamos, ao menos à princípio, agir segundo uma lei que crêssemos dever ser seguida universalmente, como um imperativo categórico, e sem para tal abrigar-se na transcendência para justificar os atos tomados segundo esse princípio. Mas quando o homem se torna o princípio, o meio, e o fim de todas as coisas e em nome de sua automia insubordinada ao Ser, funda políticas messiânicas, o faz em parte para suprir o vazio metafísico que persevera em sua alma, e em parte em nome de sua comum tendência à negação dessa mesma transcendência contra a qual se revolta.
Mas esse ímpeto à transgressão que justifica a revolta e ganha corpo nas filosofias anti-metafísicas, revela sua insustentabilidade quando assistimos, por exemplo, mais de 6 milhões de judeus serem mortos pelo regime nazista, ou mais de 100 milhões de pessoas serem mortas em nome da utopia comunista. Não obstante, essa mesma insustentabilidade nega-se à si mesma quando, à posteriori, tentamos louvar os genocidas como herois, já que, ao menos "lutaram por um mundo melhor".
Reconheçamos: qualquer um, ateu ou teísta, pode ouvir a voz de uma verdade que se insinua no fundo de sua consciência, e que faz notar que tal atitude vai contra uma lei moral inscrita sem palavras. Mas em última instância, quando nos percebemos acorrentados pela armadilha que a humanidade construi para si mesma, devemos assumir que, em última instância, nos condenados à nossa própria miséria, a miséria humanista secular, que não quer como verdade nada que não seja, no entanto, relativo, e por isso mesmo contestável. Se, pois, não existe um Ser transcendente para ser o objeto ao qual toda a relatividade se volta, então estamos mesmo condenados à mera miséria humana, relativos a nós mesmos e, por fim, sujeitos ao próximo messias político do mundo novo que fundar seu partido ou ideologia salvadora.
Jeferson Torres
Não sou ateu, mas concordo totalmente que a religião deve ser mantida no campo privado da pessoa. Impor uma religião (através de seus símbolos) a alguém, seja nas cédulas monetárias, nas repartições públicas (que também pertencem aos nacionais ateus) ou no ensino obrigatório, fere a liberdade do cidadão praticar sua fé (na religião ou no ateísmo), do pai educar seu filho conforme suas crenças, do filho escolher seu caminho ao crescer.
ResponderExcluirEm pleno século XXI ainda se confunde religião com fé cega, com imposição arbitrária. Ainda se encontram titulares de órgão públicos que não dispensam o crucifixo pendurado na parede da repartição, como se aquela parede fosse sua, e não de todo um povo multicrente. Ser iluminista, religioso e tradicionalista não podem ser características incompatíveis. Quem possui crença religiosa tem os mesmos direitos dos que não a têm; nem mais, nem menos.