segunda-feira, 30 de abril de 2012

E se o Chaves não tivesse nascido?





 A campanha mundial pela descriminalização do aborto, promovida por todos os cantos, tem como estratégia publicitária a arma já consagrada pela ideologia da morte: forjá-la numa embalagem de encanto e solidariedade, numa inversão total de valores que pega carona no relativismo moral. Só cheguei a essa opinião sobre o assunto depois de estudar o tema com certa atenção, e desde 2010 venho refletindo sobre a questão a fim de contestar-me, a mim mesmo, para certificar-me se a ótica pela qual analiso os fatos é de fato coerente com a situação concreta, mas não consigo enfeitar o aborto com vestes de eufemismos e subterfúgios verbais que visam amenizar o ato e seu aspecto ético. Sim, porque contra a maré, não sou relativista. Defendo a liberdade na proporção da responsabilidade, e como a maioria dos abortos decorrem de relações sexuais irresponsáveis, mantidas pelo simples gozo barato, descriminalizar o aborto seria antes alimentar esse ciclo vicioso que fazer lembrar as mulheres e os homens - porque ambos tem sua medida de responsabilidade -  das possíveis consequências de uma relação sexual sem precauções. Fico feliz em saber que Roberto Bolaños, o "Chespirito", conhecido do público brasileiro como os personagens Chaves e Chapolin Colorado, que fizeram sucesso na Tv brasileira, está conosco nessa campanha contra a descriminalização do aborto. Ele tem se dedicado à campanha promovida na Tv mexicana contra a descriminalização do aborto por lá. Como disse, trata-se de uma campanha mundial, que não se limita, pois, ao Brasil. O curioso é saber que ele, Bolaños, só não foi abortado porque sua mãe não seguiu a recomendação médica e decidiu levar a gravidez à frente. Salve Chaves, ou, antes, Bolaños, o ser humano por trás da máscara. Confesso que nutro por sua pessoa, e ainda mais agora que fiquei sabendo de sua atuação na campanha contra a descriminalização do aborto:








Uma nota importante: e se Hitler não tivesse nascido?

Quando refletimos sobre um problema de ordem moral, é importante analisá-lo sobre diversos ângulos. O problema em questão, sobretudo por conta da forma com a qual o exponho nesta postagem, pede por uma contrapartida, um ataque ao meu próprio argumento que vise criticá-lo com vistas a saber se o mesmo se mantem ou não. O título do texto nos coloca uma pergunta: E se o "Chaves não tivesse nascido"? Ocorre que essa questão, em face do texto que a acompanha - encerrando uma mensagem contra a descriminalização do aborto - logo impõe uma outra pergunta: e se Hitler - por exemplo - não tivesse nascido? O aborto, nesse caso, poderia ser validado? E caso fosse, isso não agiria contra a campanha que eu mesmo promovo neste momento? Afinal de contas, feto por feto, não sabemos se nascerá um Hitler ou um Bolaños...


O que sustento é que o feto que já possui um coração ativo e um sistema nervoso em formação, é vida em simbiose com a da mãe, não podendo, pois, ser reduzido à uma "parte do corpo da mulher", como querem aqueles que se utilizam de ardis verbais para relativizar o status do feto, ser humano em formação no útero materno. Neste momento, não podemos conferir ao mesmo um caráter moral, à medida em que o feto não tem a capacidade de optar livremente pelo agir, dado estar atrelado à mãe. Nascido, continua seu processo de desenvolvimento educacional psicomotor, no seio de uma cultura e num determinada época, sendo que a construção daquilo que, posteriormente, chamaremos de "caráter moral", é o resultado de uma série de fatores que, afetando o indivíduo no devir de sua existência, formarão seu caráter. Assim, não podemos dizer de um feto  que é "mau" ou "bom", senão que é uma vida humana em simbiose com a da mãe, em cujo útero repousa e se desenvolve. Não é possível, pois, equiparar dois indivíduos, sob o ponto de vista da personalidade, enquanto vidas intra-uterinas.

Aliás, é com base na ideia de que o feto intrauterino é moralmente semelhante ao recém-nascido, que uma dupla de "doutores" em filosofia escreveram um artigo recente, defendido num jornal de ética médica - propondo o "aborto pós-parto".



Nenhum comentário:

Postar um comentário