domingo, 8 de maio de 2011

Sobre o novo ateísmo:

 

O homo-sapiens-sapiens, de tanta informação embriagado, não enxerga o reflexo de sua ignorância estampado nas certezas que com tanta convicção proclama. Mas é preciso perceber o vácuo em meio ao volume caótico de vozes dissonantes da idade mídia, e, pelo exercício da humildade intelectual – nada caro a pseudointelectuais – ter coragem de assumir o erro, ou, ao menos, a sua possibilidade, sob a condição da dúvida que fomenta qualquer estudo.

O chamado neo-ateísmo vem retomar argumentos caducos, já debatidos por teólogos e revisitados por filosofos desde que Nietzsche pos em cheque a imagem patriarcal que a figura divina assume na teologia judaico-cristã. Não mais o alemão, mas cientistas metidos a filósofos, teólogos, filólogos e outros logos, reclamam para si a autoridade de assinar novamente o mesmo Deus, sem muitas vezes confessarem que suas ideias não são lá muito originais.

É preciso notar que existem diversos tipos de ateísmo. Podemos negar a existência de um Deus como figura patriarcal criadora do universo, caso coberto pelos parágrafos precedentes, ou, numa estratégia sagaz, atacar a religião, para atingir aquilo ao que ela representa, cada qual a sua forma, como intermediária, a saber, Deus.

Deus ? Qual deles ? Religião ? Qual delas ? Poderia um budista ateu – na medida em que não crê numa imagem antropomórfica de Deus – ser, não obstante, um religioso, e, em certa medida, também um não ateu, se considerarmos válida uma imagem mais fluida do mistério divino. Se a questão é Cristo a situação me parece ainda mais complicada. Este personagem é pedra basilar do catolicismo, e, por extensão, do luteranismo, calvinismo, correntes que se prolongam, até certo ponto, no protestantismo, mas também é figura central na história do judaísmo e exaltada pelo espiritismo como o espírito mais evoluido a ter pisado na face da terra.

No mais, o ativismo ateísta contemporâneo apresenta uma utopia outra, que pode ser tão ou mais perigosa do que aquelas estimadas pelas religiões, a saber, a do “mundo melhor sem religiões”.  O sangue derramado pelo socialimo soviético ou pelo nazismo alemão – ambos sistemas políticos de caráter anti-religioso –  não é suficiente para refutar tal tese ?

Por outro lado, é preciso ter cuidado com aqueles que fazem uso da religião para manipular massas carentes, carentes de um que indizível, que, sob o nome de Deus, recebe, pela vileza daqueles que se dizem seus representantes, a pena que lhes impõe, de ser submisso a sua própria versão do mistério que os surdos e mudos só apreendem a prestação da boca dos pseudo-profetas de botequim que lotam igrejas a mil.

 

A ciência estuda o mundo perceptivo, a matéria, em sua vasta manifestação e microscópica complexidade. Já temos acesso ao genoma humano, à cura de doenças que antes desafiavam o gênio humano, e podemos mesmo prever um ser pós-humano, para um futuro próximo, sob o escudo de uma ciência que se quer fáustica. Mas ante a condição mortal inescapável, o mistério da morte nos impõe a dúvida que justifica a humildade. Não se sabe, ainda  ao certo se existe um além túmulo, e todo o materialismo científico não assina atestado de óbido de qualquer metafísica porque esta é, como imprime seu próprio nome, uma além da física. Mas como humildade intelectual não é lá uma virtude muito cara aos cientistas materialistas ateus, e como a maioria de seus leitores nunca leu a bíblia, Platão e ou Aristóteles, nenhum dos filósofos escolásticos ou mesmo modernos, ou ainda, muito provavelmente, nem mesmo Nietzsche, o ateísmo ainda será, e talvez cada vez mais, o fetiche intelectual da moda.

2 comentários:

  1. Eu assisto a pessoas que nada sabem da história reclamarem das mazelas do mundo e culparem os EUA, ou então o Slam, ou o Cristianismo, ou o Judaismo, ou qualquer outro ismo pela merda. Não percebem eles que a merda somos nós.
    Não, não haverá socialismo, heroismo, nacionalismo, universalismo, nenhuma filosofia ou religião que nos levará ao melhor mundo. O mundo é tal como é, porque somos nós tal como somos: e não joguem a culpa em Deus. Se é que existe o tal do mundo melhor, ele se esconde além, no universo ideal da imaginação utópica ou no Éden póstumo que nos aguarde depois daqui. É a crença no "mundo melhor" que gerou déspotas sanguinários como Stalin, Mao, Hitler, Mussolini, e todos os demais genocidas. Mas o que fazer se eles se esconderam por detrás de um manto de santidade disfarçada pelo escudo conceitual do socialismo ? Não, a salvação não se encontra em nenhum "ismo", quiça além, na cidade de Deus, pois esta na qual apodrecemos é outra, é a cidade dos homens, e eles são maus meu caro.
    Tão maus que se aproveitam da imagem de Deus para forjar nela a sua imagem e semelhança, aquela da vileza, que é do ser humano antes que do metal.

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  2. O Materialista é o cego que não quer ver nos dias de hoje, explico:
    - A ciência já prova que o átomo não é a menor parte da "matéria", que aliás não é matéria, pois o átomo e todos suas sub-partes são energia conectadas de uma forma que só Deus para explicar;
    - Como o filósofo Olavo de Carvalho disse uma vez em seus comentários sobre Deus, esses ateístas materialistas vivem dizendo que Deus não existe, mas me prove pelo método científico que essas pessoas possuem consciência!

    Aí que está, cada vez mais os argumentos dos ateístas estão é caindo por terra, e a verdadeira ciência só está a fomentar a maravilha da criação divina!

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