quinta-feira, 4 de novembro de 2010

De taxi com Reberson Alexandre

 

Segue a entrevista concedida pelo designer gráfico e artista plástico Reberson Alexandre ao blog da Taxi - voltado ao universo do design gráfico - que já deu as caras no blog por ocasião da exposição de algumas de suas obras no espaço SOMA, recentemente em São Paulo.Quem quiser pegar carona é só seguir nas linhas:

Reberson Alexandre: Designer e Artista Plástico

Nascido no interior do estado de São Paulo, este jovem artista e designer vem conquistando seu espaço nos últimos anos com seu trabalho que é, acima de tudo, extremamente brasileiro. Atualmente atua na equipe de marketing/design gráfico da marca PuraMania em Londrina/PR e teve recentemente trabalhos expostos na a exposição “Entre Outros”, que teve o patrocínio da Nike Sportweare e permaneceu do dia 10 setembro ao dia 10 de outubro exposto no Espaço-Soma, em São Paulo.





Qual foi o momento em que você decidiu que era isso o que queria fazer?

Sempre tive uma necessidade de comunicação visual muito grande, não me lembro quando comecei. Eu reprovei a segunda e terceira séries do ensino básico, pois ficava o dia inteiro desenhando nos cadernos em vez de fazer as atividades escolares, só vim desencanar desses problemas com o ensino básico quando descobri a teoria de inteligências múltiplas e o que foi escrito sobre ela. Nossa sociedade aceitou um padrão de medida e quer enquadrar a todos nele. Bom comigo deu errado. Sorte que tive uma mãe que apesar de pouco estudo, soube compreender qual era a minha linha. Eu sou designer e artista plástico, não no mesmo momento, o que torna a experiência mais saudável e mais confusa, é como ser bilíngue, tem de se tomar cuidado para não confundir os idiomas.

Mas não sei se  já decidi se é isso que eu quero fazer, ou nem o que é isso.

O que te inspira a criar?

Vivemos num país aonde os políticos vão até os ricos e pedem dinheiro para financiar sua campanha,  falando que vão protegê-los dos pobres. Depois vão até os pobres e pedem votos dizendo que vão protegê-los  dos ricos. O resultado é esse caos social com uma luta de classes não declara em que vivemos.

Não precisa muito para achar inspiração nesse país. Não falo só pelo lado ruim, mas pelo lado bom também. Nossa cultura popular é muito bonita, e quando veio à globalização, em vez dela ser engolida, ela foi intensificado pelos novos meios tecnológicos. Estudei muita arte popular quando tinha 18 anos e tive sorte por ser de uma geração que valorizava muito isso, que ouviu Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Cássia Eller, O Rappa e outras bandas que tinham o Brasil como tema central.

Quais foram as obras de artistas que você acredita mais terem influenciado sua produção?

Olha, eu poderia citar milhares de artistas que me influenciaram, mas vou focar nas obras e assim remeter à minha obra. Dependendo do dia, da pressão atmosférica e da altitude esta lista se modifica, mas hoje ela é assim:

Goya: Ele tem as gravuras em preto e branco mais lindas de todo o universo, grande parte do meu trabalho ficou preto e branco quando descobri Goya, ou eu uso isso como desculpa. A série de gravuras disparate são minhas imagens preferidas.

Caetano Veloso: No álbum TRANSA, que ouvi há 15 anos, conheci um Brasil que até então não conhecia. Era um Brasil sem ser estereotipado e com fortes ligações globais, para mim ele prevê tudo o que acontece hoje.

Sempre acabo fazendo meus amigos gostarem desse álbum.

Basquiat: Confesso que não conhecia a obra dele antes de ver o filme (Basquiat: Traços de uma vida, de 1996). Quando aluguei o filme, fiquei 35 dias com ele, não conseguia devolver. Acho que Baquiat foi a maior obra de arte produzida por Basquiat.

Nação Zumbi: Eu tive sorte de estar no começo da minha adolescência quando essa banda surgiu. Gosto mais da segunda fase da banda, a fase mais Indie (pós Rádio S.Amb.A.) onde eles deixam de ser folclóricos que falava de tecnologia e passam a ser tecnólogos que falam de folclore.

Picasso: Ele era um ser político, viveu e conheceu todos os heróis da época dele e ainda teve tempo de pintar muito, muito mesmo. Era um antropólogo travestido de artista plástico. Ele foi uma das pessoas mais corajosas que já pisou nesse mundo.

Almodovar: “Fale Com ela” é minha obra favorita dele, junto com “Tudo sobre minha mãe”. E definitivamente não consigo explicar por que gosto dos filmes dele.

Haroldo de Campos: Comecei a gostar de escrever e de tipografia pela poesia concreta, o que me levou para o design gráfico. Trazer a tipografia para o primeiro plano e dar tecnologia de comunicação ao Brasil.

REBERSON ALEXANDRE

www.rebersonalexandre.com.br

http://www.flickr.com/photos/reberson-alexandre/

reberson_@hotmail.com

(43) 91553774

Fonte: http://taxidesignestrategico.blogspot.com/2010/10/reberson-alexandre-designer-e-artista.html

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